terça-feira, 19 de abril de 2011

Cumprimentei Chico César por ter coragem de peitar as bandas de falso forró

Fábio Mozart

Fabio Mozart e Chico César durante reunião dos Pontos de Cultura da Paraíba.
Até Ivaldo Gomes, que “não morre de amores pelo grupo político que está no poder na Paraíba”, ficou a favor do Secretário de Cultura do Estado da Paraíba, o cantor e compositor Chico César, no caso da polêmica declaração de que o Estado não contrataria bandas do tipo ‘forró de plástico’ para o São João deste ano. “Acho que a postura assumida pela Secretaria está correta. Chega de se privilegiar os de fora e deixar os artistas da terra de fora de tudo. Afinal de contas, o que os artistas da Paraíba produzem  e é de excelente qualidade. Quem quiser ouvir essas bandas de qualidade mais do que duvidosa, que os contrate com recursos privados. Mas deixem as verbas públicas da Paraíba ser gasta com os artistas, a tradição e a cultura da Paraíba. Coisa que nunca foi feita como prioridade. Já estava mais do que na hora”, disse Ivaldo.
Chico publicou nota onde afirma: Não faz muito tempo, vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava "Zezé, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver".

Intolerância é excluir da programação do rádio paraibano (concessão pública) durante o ano inteiro, artistas como Parrá, Baixinho do Pandeiro, Cátia de França, Zabé da Loca, Escurinho, Beto Brito, Dejinha de Monteiro, Livardo Alves, Pinto do Acordeon, Mestre Fuba, Vital Farias, Biliu de Campina, Fuba de Taperoá, Sandra Belê e excluí-los de novo na hora em que se deve celebrar a música regional e a cultura popular".

As elites, através da comunicação, manipulam a cultura e impõem seus padrões sobre o oprimido, que os absorvem.

“O grande problema está em como poderão os oprimidos, que “hospedam” o opressor em si, participar da elaboração, como seres duplos, inautênticos, da pedagogia de sua libertação. Somente na medida em que se descubram “hospedeiros” do opressor poderão contribuir para o partejamento de sua pedagogia libertadora. Enquanto vivem a dualidade enquanto ser é parecer, e parecer é parecer com o opressor, é impossível fazê-lo”. (Paulo Freire em “Pedagogia do oprimido”)

“O poder nas comunicações, como na terra, ainda é oligárquico, feudal, embora moderno, industrial. Ele se distribui entre as famílias – donas de terra, agronegócios, bancos, jornais, revistas, ou emissoras de rádio e televisão –, e o clero. A comunicação faz e refaz a história. Eles sabem: “Quem manipula o poder, manipula também o esquecimento”. (Dioclécio Luz)

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