segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Paulo Pontes e Vladimir Carvalho

Considerado como um dos maiores documentaristas da América Latina, o cineasta itabaianense Vladimir Carvalho conquistou vários prêmios nacionais e internacionais ao longo de mais de 40 anos de profissão, registrando as lutas, a cultura e a realidade do povo brasileiro.
Em 1961, no município de Mari, deu-se o maior conflito de terras da Paraíba, quando foram mortas onze pessoas, entre camponeses e pessoas representantes dos latifundiários. Vladimir Carvalho era repórter fotográfico e foi fazer a cobertura jornalística do fato, levando consigo Paulo Pontes, então locutor da Rádio Tabajara, emissora oficial do Estado.
Os dois homens de imprensa esqueceram seus compromissos profissionais e tomaram partido ao lado dos trabalhadores. Paulo Pontes discursou na praça de Mari, em cima de um caixote. Vladimir constatou que a ignorância, a falta de educação mantinham aquele povo como semi-escravo. Paulo Pontes viu a mesma coisa. Tanto que em 1963 liderou a Campanha de Educação Popular, criada pelo governador Pedro Gondim, mirando-se no Movimento de Cultura Popular do governo Miguel Arraes, em Pernambuco.
Em 1964, com o golpe militar, Paulo Pontes foi impedido de voltar à Paraíba. Ficou no Rio de Janeiro, onde combateu a ditadura através do seu teatro conscientizador. Depois, em 1967, voltou a João Pessoa onde fundou o Teatro de Arena da Paraíba.
“Vladimir Carvalho quase foi preso pelos militares. Ciente de que seria preso, refugiou-se em um sítio no interior da Paraíba com o nome de José Pereira dos Santos, sendo que “Zé dos Santos” ficou conhecido no local por causa das suas esculturas em madeira, xilogravuras e pinturas (vocação artística também herdada do pai). Ao se sentir fora de risco, partiu para o Rio de Janeiro, onde foi assistente de direção de Arnaldo Jabor em “Rio Capital do Cinema” e “Opinião Pública”; como repórter no Diário de Notícias, cobriu a passeata dos Cem Mil e colheu farto material para o futuro”.
“Vladimir Carvalho é um paraibano nascido em Itabaiana no ano da Intentona Comunista (1935). O pai, homem de esquerda, e a mãe, mulher de espírito solidário aos pobres, influenciaram decisivamente na sua formação e na adoção do documentário quase como uma missão de vida. ‘Meu pai era jornalista do interior, mas com uma cabeça interessante e que fez a minha cabeça, apesar de ter falecido cedo, aos 39 anos e eu com 13. Sou nordestino e quero transformar aquela dura realidade’, explica Carvalho”. (Luiz Sugimoto)

FONTE: fabiomozart.blogspot.com

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