Escola de Samba homenageia nordestinos em SP
“Sou nordestino, moro em São Paulo desde os 6 anos de idade e por isso me veio à cabeça desenvolver um enredo sobre a influência desse povo na cidade, de que forma ele se beneficiou e os aspectos positivos que ele trouxe”, explica Santos. O carnavalesco diz que, em sua pesquisa para o enredo, descobriu que 75% dos canteiros de obras da cidade tiveram participação de nordestinos. Para ele, os imigrantes têm papel imprescindível no “crescimento e desenvolvimento da cidade”.
A Tucuruvi pretende levar à avenida um apanhado geral dos diversos aspectos culturais nordestinos que estão integrados na cultura paulistana, como as festas juninas, o forró e a culinária. Para isso, Wagner se armou de tecidos e materiais tradicionais do Nordeste, como chitão, fita, palha e chita, todos comprados de fornecedores no centro da cidade. “Por isso eu amo São Paulo”, declara o carnavalesco, que considera a cidade uma verdadeira colcha de retalhos, onde se encontra de tudo um pouco.
Santos conta que o quarto carro alegórico da escola fará uma analogia com as “bordadeiras nordestinas, que demoram anos e anos para bordar uma colcha, assim como São Paulo foi construída com muito amor, carinho e dedicação”. “Teremos o [museu] Masp, o [edifício] Copan e o edifício Banespa recriados como se fossem uma colcha de retalhos”, diz.
A culinária nordestina também terá grande espaço no desfile da escola, já que, segundo o carnavalesco, mais de 90% dos chefs de cozinha em São Paulo são nordestinos. Feijoada, buchada, baião de dois, carne seca, carne de sol, camarão, caranguejo e cuscuz são alguns dos pratos que serão “preparados” no sambódromo.
Preconceito e ameaças
Em dezembro de 2010, a Acadêmicos do Tucuruvi foi alvo de diversas mensagens anônimas discriminatórias enviadas por email, contendo ofensas aos nordestinos e insultando a agremiação pela escolha do enredo. Ainda no mesmo mês, o departamento jurídico da escola registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). No entanto, segundo o presidente da agremiação, Jamil, esse episódio já foi superado pela comunidade.
Para o carnavalesco Wagner Santos, “essas pessoas preconceituosas precisam existir porque elas são exemplo de que a ignorância existe. São Paulo é o que é justamente pela união de todos os povos que vivem aqui”, diz. Santos acredita também que o efeito dos ataques à escola foi contrário. "Isso acabou beneficiando a escola, despertando o interesse das pessoas pelo enredo e pela escola”.
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